sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Um salve para o Zina!

Concordo em gênero, número e grau!
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Hoje é aniversário do Zina.

Eu não vou dizer o que eu acho do Pânico. Eu trabalhei no Pânico, eu sou amiga das pessoas do Pânico. Amiga. Do Emilio, do André, do Rodrigo, do Daniel, da Sabrina, da Amanda, de todo mundo. Mesmo. Não vou falar dos produtores, nem dos apresentadores, das emissoras. Eu vou falar do Zina. Todos nós trabalhamos no mesmo mercado, em grupos de comunicação em busca da mesma coisa, sempre: a sua atenção. E cada um decide, de acordo com o que pode, acredita, deseja, o que vai fazer para conseguir este tesouro: sua audiência, o seu clique, seu page view.

Este post, por exemplo, precisa ser interessante, bem escrito, útil, original. Porque se não for, você vai ver outra coisa. A rede é infinita e, como disse o André Forastieri, a ‘Internet estimula a infidelidade'.

Pois bem, hoje é aniversário do Zina. Ele faz 28 anos. Como eu sei disso? Bem, primeiro porque eu sigo muita gente no Twitter. E alguns dos integrantes do Pânico disseram que ele faria aniversário esta semana. Fui atrás dessa informação para descobrir o dia.

Aqui está um atestado que o isenta de tarifas de transporte público, com a data de nascimento dele: 30 de outubro de 1981. Zina faz 28 anos precisamente hoje, nesta sexta-feira que antecede o feriado de Finados.
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Evidentemente eu apaguei (cobri) as informações pessoais. É só para mostrar que é um atestado dele, com seu nome e sua data de nascimento.

Ele é muito jovem, 28 anos apenas. Não sei sua história, não sei como é sua vida. O que eu sei dele é o que eu vejo na televisão, no Pânico e agora, na mídia em geral.

Zina, hoje, é adorado por milhões de pessoas. É impressionante ver como tem gente que o defende, elogia e até inventa argumentos para isentá-lo de qualquer acusação. Primeiro porque ele é corintiano e a gente sempre gosta de quem torce pelo mesmo time da gente (eu sou são-paulina e tenho simpatia por todos que também o são). Os corintianos devem gostar do Zina de saída.

Segundo porque ele tem um vocabulário próprio. As expressões que ele usa viraram moda. Todo mundo manda 'salve’, fala da Xurupita, grita ‘Ronaldo’, usa termos como ‘vamos cair pra dentro’. Ok, Zina não é nenhum Ayrton Senna, mas seu jeito peculiar de ser, com a ajuda dos meios de comunicação, o transformou numa espécie de ‘ídolo’. Ou talvez, anti-herói.

O que eu sinto? Eu tenho pena do Zina. Ele é um cara humilde, no sentido mais amplo de ‘humildade’ ou, como disse o Prof. Lalo, ele tem ‘debilidade social’, tem uma vida de privações, de muitas limitações. Ele tem um jeito engraçado, porque fala diferente. Ele é original. Porém, tem um lado que me incomoda também. Porque ele tem problemas de ordem psíquica. A família dele, aliás, diz que ele não tem capacidade para cuidar de si e pediu sua interdição jurídica, alegando transtornos mentais. (O documento acima diz a mesma coisa. Vou até perguntar para o meu marido sobre a categoria F25, ‘transtornos esquizoafetivos’)

Ao mesmo tempo que sinto compaixão, por ele ser simplório, por ter problemas com drogas, por ter transtornos mentais (é o que diz o documento), acho-o engraçado. E dou risada. E aí, me sinto mal. Eu estou rindo de uma pessoa que tem problemas? Então eu devo ser muito cruel.

Mas se rir de uma pessoa que tem uma limitação, seja ela física, mental, social é ser cruel, então o Brasil inteiro é cruel. Será que é isso? Somos todos maus, sem coração, pervertidos? Estamos nos divertindo com a limitação dele? Um amigo me disse que o Brasil hoje ri do Zina da mesma forma que um dia riu do Latininho na TV. E que não há diferença entre rir de uma pessoa com problemas físicos e rir de alguém que tem problemas mentais ou sociais. Me fez pensar. São questões que temos que discutir.

Hoje é aniversário do Zina, a pessoa mais falada do momento.

Ele faz 28 anos. Provavelmente vai ganhar uma festa do programa para ser exibida no domingo, junto com um texto bonito e emocionado. Se eu estivesse lá ainda, eu seria a pessoa que escreveria o off do Emílio. E ficaria com toda a equipe torcendo pra chegar a vinte pontos de audiência.

Mas aqui, neste post, no meu blog, eu estou como cidadã. Assistindo tudo por outro ângulo.

E o presente de aniversário que eu acho que o Zina precisa ganhar é um tratamento. Tratamento para sua dependência química, tratamento para seus transtornos mentais para tudo o que ele precisar.

Porque não é justo que um ser humano sofra ou que riam de suas debilidades. Vale para o Zina, para o Latininho.

Mas também não é justo construir um país que só consegue oferecer como exemplo de ídolo, um dependente químico com problemas mentais, que se torna engraçado por falta de tratamento.

Hoje o Zina faz 28 anos.

E sua palavra-chave faz todo sentido: salve.

Um salve para o Zina.

Ele precisa de salvação.

E nós também.

* Do Blog do R7 por Rosana Hermman

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