quarta-feira, 13 de abril de 2011

É hora de tomar uma atitude.

Hoje faz exatamente uma semana da tragédia de Realengo. A missa de sétimo dia em memória das vítimas do massacre foi realizada hoje pela manhã nas dependências da Escola Tasso da Silveira.

Hoje pela manhã assisti a mais uma reportagem sobre um vídeo que também serve de objeto de investigação sobre o que pode ter motivado Wellington a realizar o massacre na escola em Realengo no Rio.

Difícil tentar explicar o inexplicável? Não! A loucura não tem explicação. Wellington era esquizofrênico e morava num mundo a parte em que habitavam apenas seus delírios psicóticos e fantasmas que só ele via.

Buscamos explicação para isso porque acabamos enlouquecendo diante de uma coisa sem causa ou motivo e tão estranha a nós. Diante de algo tão monstruoso. Buscamos explicação porque tentamos desesperadamente conservar a nossa saúde mental.

Wellington era louco, tantan, maluco, pirado, tonto da cabeça, miolo-mole, antissocial. Em suas cartas fica claro que ele sofria de sérios distúrbios sexuais e se sentia influenciado pela religião e pelo terrorismo que ele sempre via nos noticiários. A brutalidade que ele vivenciava na TV e na internet preenchia o vazio que existia em sua mente e dava conteúdo à sua loucura.

Não importa se ele falava ou ouvia um Deus Vingador ou se recebia instruções de Abdul, Alá, Bin Laden ou se sentia irmão de Eric Harris, Dylan Klebold, Cho Seung-Hui e Edmar. Estas explicações só vão nos dar uma sensação morna de normalidade.

Como bem disse o psiquiatra Talvane de Moraes, que analisou os vídeos deixados pelo assassino, não havia causa para o que ele fez, apenas um sentimento doentio de que ele era o "super" puro e bom, enquanto que todas as outras pessoas eram simples covardes e impuros. Wellington era doente mental e sofria de esquizofrenia paranóide o que o deixava sob uma situação de delírios e alucinações. Por isso ele montou uma ideia em sua cabeça a partir de uma premissa falsa e se sentia um terrorista. Ele montou uma história em sua cabeça, vestiu o personagem que era um terrorista, o interpretou e morreu com ele. Outro fato que chama atenção para seu problema mental é a sua fisionomia de perplexidade. Ele não esboçava emoção, estava com as feições congeladas.

O problema que Wellington tinha não é algo inédito. A esquizofrenia atinge diversas pessoas no mundo inteiro, mas é um problema que tem tratamento e controle. É importante que a pessoa tenha consciência de que precisa se tratar. Se ela não tiver esta consciência, como na maioria dos casos, é importante que a família se conscientize do problema e, por mais doloroso que seja aceitar este tipo de "anormalidade", o encaminhe ao tratamento.

É mais fácil não esquentar a cabeça e se acomodar ou fingir que o problema não existe, como muitas vezes já ouvi por aí: "é miolo-mole, tadinho, deixe ele quieto" ou "é bicho-do-mato, não sabe conversar com ninguém", até que uma tragédia venha a acontecer para que, se ainda houver tempo, uma atitude seja tomada de fato.

Um outro psiquiatra ou psicólogo disse numa das várias entrevistas sobre o referido massacre: "os pais sabem quando um filho ou um deles é 'esquisitinho', é importante que ele seja encaminhado ao psicólogo para que seja avaliado e submetido a um tratamento preventivo ou efetivo." Desta forma, com certeza, viverá dentro da "normalidade" segura e socialmente aceita.

O mundo de hoje não nos dá o direito de nos julgar mais normal que o outro, bem dizem que "de perto ninguém é normal", então não há porque se envergonhar ou querer esconder quando um problema desta natureza afeta um membro da família ou um amigo. Medidas devem e podem ser tomadas, caso contrário, nos tornaremos cúmplices de outros tantos Wellingtons, Edmars, Erics, Dylans, Charles.

Se há lugar para glamurização nesta tragédia, afinal vivemos na sociedade do espetáculo, vou estampar aqui a imagem do Sargento Alves, herói que evitou que atragédia na Escola Tasso da Silveira tivesse sido maior.


Sargento Márcio Alves, herói do Massacre na Escola em Realengo
(Domingos Peixoto / Agência O Globo)

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